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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Como encarar o fator "idade" no mercado de trabalho e no mundo corporativo?

Por: Paulino Jeckel - Linkedin

Em primeiro lugar, não podemos nos deixar contaminar por este tipo de discussão. O mercado está ruim para quem tem mais de quarenta? Fato. Mas também está ruim para quem é negro ou pardo (ou vamos nos iludir que o racismo terminou de fato neste país), é ruim para quem é meio gordo, muito baixo, estudou em escolas públicas, nunca pôs o pé fora do Brasil, não sabe inglês direito (mesmo estanto em um país de língua portuguesa) e muitos outros fatores que compõem o primeiro filtro de uma seleção para emprego, pois, afinal, o cara que seleciona (invariavelmente um estagiário ou analista júnior, pois o pessoal de "pedigree" mais alto só entra nas etapas seguintes) tem um prazo e dezenas de currículos a serem analizados.
E o que fazer então? Se juntar a outros "coroas" desempregados e ficar se lamuriando de quanto a sociedade é injusta, que a gente deu o sangue pela empresa e ganhou um pé no traseiro, além de outras ladainhas? Creio que não. Imagine como vai estar o nosso humor e a nossa autoestima quando chegarmos na frente de um entrevistador nas raras entrevistas que tivermos acesso? O final vai ser um "muito obrigado, vamos analisar e damos um retorno" e ambos - entrevistado e entrevistador vão sair da conversa com um grande "eu já sabia" na cabeça.
Na minha modesta opinião de quem está voltando para o mercado há míseras duas semanas e ainda não entrou em depressão, é que temos dois caminhos a seguir: um depende de nós apenas e com o outro podemos contribuir.
O primeiro é uma estratégia individual. Temos que revisar a fundo a nossa vida profissional, ver o que aprendemos nestes anos todos, o que temos a oferecer para as empresas que possam precisar do nosso trabalho e investir tudo na nossa autoestima e no nosso autoconhecimento para, na primeira oportunidade que tivermos, erguermos a cabeça, olharmos olho no olho de quem estiver nos entrevistando e, com toda a segurança e naturalidade do mundo provar por a+b que o que interessa é competência e experiência. O resto é puro preconceito...
O segundo caminho, que eu gostaria de propor, é que juntar pessoas para se lamuriar, reclamar o quanto a sociedade é injusta e ficar se deprimindo não leva a nada. Nós temos que erguer a cabeça e botar o bloco na rua. Não é possível que em todos estes anos de vida profissional não tenhamos feito uma network forte o suficiente para começar a mobilizar a opinião pública. A minha primeira campanha seria dirigida aos jovens: "geração Y, a geração z vem aí - um dia vocês estarão no nosso lugar e não vai demorar muito". Brincadeiras à parte, temos que começar a alertar a sociedade para este processo de "sucateamento humano" que não vai levar a lugar nenhum.
A sociedade é para todos e todos têm que ter o seu espaço: jovens, velhos, brancos, negros, magros, gordos, sofisticados, "ogros", etc. Se este processo de "rejuvescimento" das empresas seguir neste ritmo, imagine o que faremos com milhões de pessoas com mais de 40 anos fora do mercado de trabalho? Alguém vai ter que sustentar, possivelmente seus filhos "jovens executivos".
Sinceramente, acho que existe, sim, preconceito de idade, mas algumas pessoas conseguem romper esta barreira de alguma forma. Trata-se de uma questão cultural que precisa ser revista, assim como tantas outras que vieram antes, como aquecimento global, sustentabilidade, ecologia, etc. E tem que começar por quem tem mais interesse no assunto - nós (inclusive os mais jovens deste grupo que estão achando que o problema não é com eles - ufa -, mas que sabem que um dia será e não vai demorar muito).

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